24/12/2009

ESCOLA - Como escolher a melhor para nossos filhos

Com várias alternativas diferentes, o que pais e mães precisam saber escolher onde querem matricular seu filho.



Quais são os primeiros sinais de que a criança se integrou aos colegas na escola?



Não chorar ao ser deixada na porta da escola e, ao chegar em casa, contar para os pais o que fez e lembrar o nome de alguns dos novos amiguinhos.



Para quem duvida que pais e mães são todos produzidos num único forno, uma sugestão. Dirija-se à porta de uma pré-escola num início de semestre ou ano letivo, quando começam as novas turmas, e observe o movimento. Enquanto as crianças em geral estão animadas com a novidade, os pais mostram o que pensam quando o portão se fecha separando-os de seus pingos de gente com suas lancheiras. As expressões variam, naturalmente, mas pais e mães costumam ficar tristes e absolutamente inseguros com a opção que fizeram de mandar para a escola uma criança com apenas 2 anos, um quase bebê. E, mais precisamente, para aquela escola da qual poucos ouviram falar, tinham uma ou outra referência, mas nada que desse a eles, digamos, a certeza da opção. Nas grandes cidades, há centenas de escolas, todas custando mais ou menos a mesma coisa e com aparência semelhante. O que essa escola tem assim de tão especial? Decidir onde matricular seu filho é tarefa tão complicada que nem os especialistas têm uma resposta pronta sobre como fazer isso, uma espécie de guia. Mas há alguns cuidados básicos a ser seguidos, como forma de tornar a missão menos impossível.



Antes de tomar a decisão, os pais precisam ter dois pontos bem claros. O primeiro, são as razões da sua insegurança. Há pais mandando um filho para a escola porque nasceu outro bebê. Outros, porque a mulher vai voltar a trabalhar ou quer algumas horas a mais para si própria. Há ainda quem apenas queira que seu filho conviva com outros de sua idade. Como muitas mães até então não tinham estado tanto tempo longe dos filhos quanto as três ou quatro horas que eles vão ficar na escola, é normal que elas se sintam culpadas. E isso faz aumentar a insegurança quanto à escolha. "Quando os pais se sentem assim culpados, é bom que pensem que, graças à escola, seus filhos vão ficar mais independentes, experientes e maduros", diz a coordenadora pedagógica Ana Isabel Lima Ramos, do Rio Grande do Sul. O outro ponto que precisa ficar claro é o que se deve esperar de uma pré-escola. Embora seja tida como o começo dos estudos, a escolinha do seu filho não existe para alfabetizá-lo precocemente. Nesse momento, ela vai ajudar seu filho a começar a compreender o que é sair de casa todo dia e a conhecer os rudimentos do que significa conviver em grupo.



Para escolher a escola do filho, os pais não podem fazer outra coisa a não ser visitar os estabelecimentos. Recebeu uma boa dica de um amigo? Ótimo, considere qualquer sugestão de escola, mas não deixe de visitar o lugar. Quer colocar a criança na mesma escola onde o pai ou a mãe estudaram? Excelente, já que tradição sempre conta pontos. Mas visite antes, até para ver se o estabelecimento mantém a mesma qualidade. Não há escola que resista a um olhar criterioso. O espaço é amplo? Muito bom. As pias dos banheiros estão colocadas na altura das crianças? Ótimo. Há muitas escadas? Mau começo. São detalhes, mas é aí que mora a diferença entre as escolas boas e ruins. A médica carioca Rosa Helena de Carvalho Zarur, de 35 anos, que contatou ou visitou nove escolas antes de decidir onde matricular Letícia, de 1 ano e 7 meses, chegou a descartar uma delas porque as funcionárias responsáveis pela cozinha tinham as unhas sujas e não limpavam direito a geladeira. Em outras, o que incomodou Rosa foi o "clima" do lugar. "As crianças estavam superquietinhas, apáticas, pareciam meio tristinhas. Decidi cair fora", conta Rosa Helena.



Idealmente, as escolinhas deveriam oferecer às crianças um ambiente seguro e estimulante, supervisionado por adultos atentos e preparados e nada mais. Tendo isso em mente, os pais podem se preparar para fugir de algumas ciladas. Uma delas é querer resolver a parada discutindo com a escola sua linha pedagógica. A maioria delas diz seguir o construtivismo, teoria surgida a partir do pesquisador suíço Jean Piaget, que considera as crianças prontas para aprender a partir de sua própria realidade, sem o auxílio de cartilhas especiais. "Na prática, mesmo escolas que dizem ter linhas diferentes são parecidas. O que as diferencia realmente são o espaço, a disciplina e a infra-estrutura que oferecem", diz Gisela Wajskop, especialista em educação infantil do Ministério da Educação. Cuidado também com as escolas que se propõem a acelerar o desenvolvimento intelectual do seu filho. A esmagadora maioria das crianças pequenas não está pronta para a educação formal e pressioná-las pode ser extremamente prejudicial. Outro cuidado redobrado deve ser com a taxa de renovação dos professores. Se são substituídos com freqüência e o mais velho deles tem dois anos no estabelecimento, quem poderá recomendá-los?



Há, no entanto, um ponto central a ser observado: o preço. Na hora de escolher onde vai colocar seu filho, saiba que educar é um negócio em que gastar dinheiro é positivo - diferentemente dos supermercados, que vivem fazendo promoções. Em outras palavras, preço baixo definitivamente não é uma virtude pedagógica. Em Salvador, uma pré-escola custa por volta de 300 reais por mês. Em Brasília, sai por cerca de 400, em Porto Alegre, 450, e em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre 400 e 800 reais. O preço se justifica, entre outras razões, porque as boas escolas têm professores ganhando bons salários e mantêm uma média alta de "tios" e "tias" por sala de aula. "Os seis primeiros anos da vida escolar são os mais produtivos e importantes na aprendizagem do ser humano", diz a pedagoga paulista Regina Scarpa Leite. "Estar numa boa escola nessa fase é fundamental."



Houve um tempo em que as crianças iam para a escola com 6 ou 7 anos de idade, para começar a alfabetização. Numa fase seguinte, as crianças passaram a ser matriculadas aos 3 ou 4 anos. De dez anos para cá, a idade despencou no Brasil e as crianças estão indo com 2 anos, ainda de fralda. O maior motivo dessa antecipação, sabe-se, é o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho. Se antes as crianças ficavam em casa sendo cuidadas por elas, hoje têm de ir para a escola enquanto a mãe está no trabalho. "Antes se achava que a creche era um mal necessário, e hoje se sabe que é um bem necessário", diz Aristeo Leite Filho, professor de pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.



Ter a capacidade de ler mais cedo do que as demais crianças quer dizer alguma coisa?



Não. Quando a criança começa a ler cedo, apenas demonstra eventual interesse por livros.



A maior parte do tempo que a criança fica na escola ela gasta brincando. Para isso, têm materiais os mais variados, como canetas coloridas, lápis de cera e toda sorte de tintas. Uma das grandes diversões desse período é voltar para casa com algum desenho ou colagem feito por ela própria. Quando a escola é boa, a criança se diverte a ponto de querer voltar no próximo dia, e pelos anos seguintes. Além do lado lúdico, ir à escola cedo pode ser muito útil para o aprendizado de matemática e a alfabetização. Foi o que constatou uma pesquisa da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, feita com 3.600 alunos das primeiras séries do primário da rede pública estadual. Entre os que fizeram a pré-escola, a média em português e matemática foi quase 10% mais alta do que entre os que não freqüentaram. Segundo os especialistas, quem passa pela pré-escola também está acostumado a esperar a vez na sala de aula, dividir o brinquedo com o colega, sentar-se na hora que pedem, evitar o que é proibido, falar em grupo, contar uma história quando pedido, expressar o que pensa com confiança, se sentir mais seguro no ambiente fora de casa. Mesmo pais muito presentes não conseguiriam suprir todos esses benefícios. "Quando vão para a escola, as crianças dão o primeiro passo rumo ao mundo exterior. Daí por que é preciso escolher um lugar de alta qualidade", diz Leite Filho.



O que saber do colégio



Escolher a escola do filho é mais complicado do que apenas verificar se a mensalidade se encaixa no orçamento doméstico. Abaixo, seis itens importantes aos quais prestar atenção quando estiver visitando um colégio:



Agenda: A boa escola mescla as atividades. Depois de um trabalho que exige concentração, a criança precisa de relaxamento ou de uma atividade motora.



Apoio: A escola precisa estimular a autonomia da criança, incentivá-la a lavar as mãos, vestir a roupa, cuidar da mochila e guardar os brinquedos. O cardápio das refeições deve ser elaborado com a orientação de nutricionista.



Espaço: O ideal é que a escola tenha alguma área verde e parquinho com brinquedos. Atenção para as salas. Devem ser ventiladas e bem iluminadas e ter boa acústica. Olho nos móveis. Não devem ter quinas.



Passeios: Para tornar o convívio mais agradável, é conveniente que a escola promova viagens curtas e passeios. Alguns colégios distribuem uma agenda com os telefones dos colegas para viabilizar encontros nos finais de semana.



Professores: Além de qualidade, quantidade é item importante no corpo docente. Um professor pode cuidar de doze crianças, desde que tenha um ajudante para auxiliar nas refeições e na higiene.



Reuniões: Além de poder contar com comunicados freqüentes e reuniões, os pais devem ser bem-vindos a toda hora, desde que não atrapalhem a rotina das crianças.



Fonte: Revista Veja - Especial Bebês 2000

Um comentário:

Rose disse...

o texto é interessante, concordo com tudo, menos o comecinho que diz sobre o filho não chorar na porta da escola, porque imagino q seja a maioria que chora, o Victor adorou o primeiro dia, deu tchau pra mim, ficou numa boa, o segundo dia ele já qeuria vir embora, chorou.... trouxe embora e no terceiro fiquei umas duas horas até ele ficar bem e mesmo assim ele chorou, tive que sair escondida com o coração na mão, mas no fim tudo ficou bem, agora não vivemos sem a escolinha que está sendo ótimo.